A primeira edição da Feira do Empreendedorismo e do Fomento Empresarial, FEFE, reuniu durante três dias, na cidade da Praia, empreendedores de todas as ilhas de Cabo Verde, das mais diversas áreas, numa iniciativa da Pró-Empresa, Instituto de Apoio e Promoção Empresarial de Cabo Verde.
90 empresas estiveram representadas, sendo que 80% destas eram micro e pequenas empresas, e startups, correspondendo a mais de 600 postos de trabalho. Uma Feira no feminino, já que 56% dos expositores eram mulheres.
Estar presente na FEFE foi uma oportunidade para a Cabo Verde Digital apresentar, de forma detalhada, a sua missão, os seus programas e os resultados conseguidos ao longo destes cerca de quatro anos de existência. Foi nesta linha que a CVD levou para a Feira um conjunto de dinâmicas, como forma de promover uma maior interação entre startups, empresas e promotores.
Além de jogos no seu stand, a Cabo Verde Digital promoveu atividades paralelas à FEFE, tendo contado com uma massiva participação do público.
Uma destas atividades, o workshop “The importance of an early ecosystem” levou ao palco da primeira Feira de Empreendedorismo Ghers Fisman, o Coordenador de Dados e Pesquisa na StartUp Blink. Um profissional cuja experiência inclui não apenas Finanças Corporativas e Consultoria, mas também Inovação e Desenvolvimento de Ecossistemas de Startups.
StartupBlink é um mapa global do ecossistema de startups, e centro de pesquisa, que anualmente publica o Global Startup Ecosystem Index (GSEI). Um ranking mundial que classifica 100 países e 1.000 cidades de acordo com a força de seu ecossistema de startups, com base em dezenas de parâmetros divididos nos critérios Quantidade, Qualidade e Negócios.
Nesse espaço de partilha promovido pela Cabo Verde Digital, Ghers Fisman e o Coordenador da CVD, Milton Cabral, debruçaram sobre o Ecossistema Startup Global, olhando de dentro para fora. Ou seja, um espaço onde se pôde apresentar e discutir as melhores práticas à volta da edificação de um ecossistema startup sólido, que dê aos founders instrumentos não apenas para ultrapassarem dificuldades, mas, principalmente, para criarem soluções, e, ainda, como Cabo Verde pode adotar estas melhores práticas e internacionalizar o seu ecossistema.
No último relatório da StartupBlink, Cabo Verde ocupava a 7ª posição a nível da região africana, e a 2ª posição a nível da África Ocidental, entre a Nigéria e o Gana. Já a Praia aparecia como a 5ª cidade nessa região.
Com este ranking, Ghers Fisman acredita que Cabo Verde está se posicionando como um líder na sua região. Para continuar nesta linha de crescimento, Fisman apontou alguns ecossistemas de sucesso que poderiam servir de exemplo para o arquipélago, como o caso de Israel, Singapura e Estónia. Países pequenos, em termos populacionais, assim como Cabo Verde, mas que conseguiram se estabelecer como prósperos ecossistemas de startups.
Vários fatores contribuíram para o sucesso desses países no cenário das startups, sublinhou Fisman, desde logo uma cultura de inovação, empreendedorismo e avanço tecnológico, aposta em talentos nacionais com políticas amigáveis para startups e empreendedores, o que impulsionou a que se tornassem em centros globais de startups e inovação.
Olhando para estas histórias de sucesso, e analisando o caso específico de Cabo Verde, Ghers Fisman deixou algumas recomendações para ajudar a fazer crescer o ecossistema no país.
“Primeiramente, enquanto pequeno mercado, Cabo Verde deve garantir que as startups tenham uma mentalidade global desde o primeiro dia”, destaca Fisman, acrescentando que para isso o país deve procurar tirar o maior proveito, e alavancar, parcerias com territórios como Portugal e Brasil, bem como com outras nações africanas.
“Primeiramente, enquanto pequeno mercado, Cabo Verde deve garantir que as startups tenham uma mentalidade global desde o primeiro dia” — Ghers Fisman
Da mesma forma, esse especialista defende que o arquipélago deve cultivar relações com a sua diáspora para parcerias, financiamentos e talentos. E ainda, juntar a geografia e o clima atraentes com políticas favoráveis, ou seja, sem burocracia e com incentivos fiscais, para atrair talentos estrangeiros, e fazer com que esses sejam fundadores de startups e não apenas nómadas.
“Cabo Verde deve igualmente continuar a participar de eventos internacionais para ajudar o ecossistema a ganhar visibilidade. Por exemplo, deve convidar as suas startups a se inscreverem na aceleradora norte-americana Y Combinator bem cedo”, reforça. — Ghers Fisman.
Identificar a singularidade do ecossistema, concentrar-se em indústrias específicas nas quais o país tem vantagens, como o Turismo, e reforçar a promoção, são outras recomendações deixadas por Ghers Fisman. “Os ecossistemas de startups são um produto e, como produto, precisam de marketing. Por isso promoção, promoção, promoção”, concluiu.
Tomando estas recomendações, o Coordenador da Cabo Verde Digital lembrou que, desde a criação do programa, em 2019, muito já foi feito em prol deste ecossistema de startups no país, exemplificando com os vários projetos bandeira da CVD, como a “Bolsa Cabo Verde Digital”, o “GoGlobal” ou “Kôde Verde”. Milton Cabral reconhece, entretanto, que para consolidar esses ganhos, Cabo Verde deve tomar os próximos dois anos como cruciais, e implementar estas boas práticas apresentadas por Ghers Fisman, apostando, desde logo, na promoção.
A primeira Feira de Empreendedorismo e Fomento Empresarial aconteceu de 18 a 20 de maio, na cidade da Praia, com o intuito de criar um espaço de interação entre startups, empreendedores e empresários, promover novas iniciativas empresariais e identificar novas oportunidades de negócio.