Descreve-se como uma cidadã do mundo. Chama-se Cátia Lush, tem 38 anos, é natural da ilha do Monte Cara. Concluiu os estudos em Portugal, onde também deu os primeiros passos no mercado de trabalho. Licenciou-se em Comunicação e Relações Públicas nesse país, enquanto mantinha o sonho de estudar no Brasil. Em Portugal, o Ministério dos Negócios Estrangeiros foi uma das primeiras instituições em que trabalhou, tendo feito um estágio de um ano na Direção de Apoio Cultural e Associativismo. Foi nessa altura, em 2012, que recebeu um convite do próprio Ministro da Cultura de Cabo Verde, Mário Lúcio Sousa, para integrar a equipa do Ministério. Aí coordenou a comunicação e imagem de todas as estruturas do Ministério e de vários projetos culturais como o AME, Atlantic Music Expo. Dois anos depois, decide abraçar um novo desafio e estreia-se no setor da Aviação Civil com a missão de lançar as bases da comunicação na Autoridade Aeronáutica
Durante o percurso na instituição, fez, no exterior, uma pós-graduação em Gestão de Negócios, MBA Atlântico, sendo a primeira cabo-verdiana a participar neste programa vocacionado para a internacionalização de gestores no espaço lusófono. Uma oportunidade que a permitiu conhecer a cultura de outros país, e a levou a questionar o contributo que queria, e poderia, dar ao seu país. “Foi a confirmação de que a cultura, aliada ao turismo, é um dos principais binómios para o desenvolvimento do país”, afirma. Desde então, viu-se auto-desafiada a implementar em Cabo Verde um projeto que cumprisse essa missão: promover o país através da cultura.
Nesse processo, Cátia explica que começou por identificar o que já existia em termos culturais, e, tirando o maior proveito disso, procurou oferecer algo que não tinha no mercado. Assim nasceu o Come In Cabo Verde.
“Nós temos um enorme potencial criativo, com grandes eventos consolidados. Mas a dificuldade passa pela calendarização e planeamento desses eventos”, sustenta. “O Come in Cabo Verde é uma plataforma que oferece produtos turístico-culturais de forma organizada e planeada, com o objetivo de promover a imagem de Cabo Verde”.
A aplicação tem como público alvo turistas e a diáspora cabo-verdiana, bem como residentes no país, pois posiciona-se igualmente como uma ferramenta que facilita aos promotores culturais a organização, gestão e divulgação de seus eventos numa única plataforma. “É uma ferramenta para ajudar os promotores a fazerem uma comunicação organizada dos seus eventos num único canal”, resume a fundadora.
Cátia conta que começou a pensar o Come in Cabo Verde desde 2017. O projeto passou por um processo de amadurecimento ao longo dos anos, tendo sido agora lançado na sua terra natal, São Vicente, no ponto alto da agenda cultural da ilha: o Carnaval. Desde o lançamento, em fevereiro, já passaram pelo Come In Cabo Verde o Carnaval do Mindelo, o São João de Santo Antão, o Kavala Fresk Festival, o Mindel Summer Jazz e agora, o Festival Baía das Gatas. A meta é abranger os principais eventos de todo o país. Para isso, Cátia revela que pretende estabelecer parcerias com os grandes fazedores da cultura e com as câmaras municipais, para que sejam estes a disponibilizar conteúdos para a plataforma.
Enquanto os promotores têm uma ferramenta que os permite comunicar seus eventos de forma organizada e controlada, os consumidores têm acesso a um leque de produtos turístico-culturais de Cabo Verde devidamente categorizados por áreas, com a possibilidade de filtragem por data e local. “É uma forma de conhecer Cabo Verde através das suas tradições, cultura e do ser cabo-verdiano, projetando assim a sua localização estratégica”.
A app Come in Cabo Verde está organizada por temas, com ícones personalizados por áreas culturais, e eventos, que clicando dá acesso à sua respectiva programação. Através de um simples Registo, os consumidores podem entrar no perfil dos promotores, ver e seguir os seus eventos criando e alimentando assim uma rede cultural. Tendo uma conta no Come in, os consumidores recebem notificações instantâneas sobre atualizações feitas nos eventos que, de alguma forma, manifestaram interesse.
“É uma forma de ter tudo o que é cultura de Cabo Verde na palma da mão. Um caldeirão sobre o estilo do ser cabo-verdiano, que pretende integrar a vertente turística e ambiental”, conclui a fundadora.
É uma forma de ter tudo o que é cultura de Cabo Verde na palma da mão. Um caldeirão sobre o estilo do ser cabo-verdiano, que pretende integrar a vertente turística e ambiental - Cátia Lush, fundadora da app Come in Cabo Verde
Na operacionalização deste projeto, Cátia Lush enfatiza que tem contado com a colaboração de talentosos jovens de diferentes ilhas, entre designers e programadores. Trabalham atualmente no site Come in Cabo Verde, que, conforme promete, será lançado em breve.
Com uma linguagem visual pensada para representar a essência de Cabo Verde, a aplicação está disponível para download, em português, no google play (https://play.google.com/store/apps/details?id=cv.hifen.comeincaboverde). Cátia adianta que brevemente também estará disponível para iOS, e que também terá versões para o inglês e francês.
