Ambiente, saúde, turismo, educação, finanças, comércio eletrónico. Foram várias as áreas e setores abrangidos pela quarta edição do programa Bolsa Cabo Verde Digital, BCVD. Uma digitalização de serviços que está a ganhar cada vez mais espaço em Cabo Verde, e a conquistar mercado pela qualidade das soluções oferecidas.
Sim, comparado com a edição anterior, a BCVD 4 registou um aumento significativo na qualidade das startups concorrentes. As 73 candidaturas apresentadas tiveram de passar por um processo de seleção rigoroso e exigente, com base em critérios como grau de inovação, alinhamento estratégico, capacidade de resposta ao mercado, bem como adequação das competências do fundador à ideia.
Desta avaliação, feita por um comité de cinco jurados - incluindo representantes dos parceiros da Bolsa - foram definidas as 25 startups de base tecnológica que integrariam a 4ª edição da Bolsa Cabo Verde Digital. Durante três meses este programa de pré-incubação proporcionou capacitação técnica e empresarial intensiva, mais mentoria, aos 47 jovens empreendedores elegidos, permitindo às suas startups projetar e iniciar o seu percurso.
Primeiros passos que permitiram que algumas ideias de negócio começassem a ganhar forma, e seus respectivos promotores a se posicionarem no ecossistema. É o caso das 10 startups selecionadas para a final, o Demo Day.
10 soluções inovadoras, 10 startups com uma visão de futuro digital, que acreditam, abraçam e querem fazer acontecer a transformação digital de Cabo Verde, desde logo no setor do comércio, a começar pelo maior mercado informal do país, o Sucupira.
Bruno Semedo e Hélder Santos são os promotores da startup que pretende revitalizar o comércio local do Sucupira. Através da plataforma de e-commerce “Sukupira Online”, estes jovens prometem digitalizar a essência vibrante do mercado tradicional. Quem também quer revolucionar a forma de compra e venda online no país é a “CVX”, fundada por Romário de Brito e Aldair dos Santos. Trata-se de outra plataforma de e-commerce que, na sua missão, compromete-se em ajudar empreendedores, pequenas e médias empresas a divulgar e vender seus produtos de maneira eficiente. Eficiência é também uma das palavras-chave na base da criação do “Ya”. Desenvolvida pelas jovens Erika Tomar e Katya Modesto, esta é uma plataforma que quer solucionar problemas comuns entre os cabo-verdianos, como, por exemplo, a dificuldade em encontrar portadores para envio de encomendas de pequeno porte de forma rápida, credível e segura.
Mas, o mercado do comércio não é a única semelhança entre estas plataformas. Estas são soluções pensadas por cabo-verdianos, para cabo-verdianos. São startups que trazem respostas aos frequentes desafios que estão no dia a dia do povo destas ilhas. Respostas digitais focadas em desenvolver a economia do país.
É também a pensar no potencial do arquipélago que Miguel Duarte pensou e apresentou a “Xplorá”, outra startup finalista da BCVD 4. Uma plataforma que quer, de forma direta, conectar turistas às ofertas turísticas em Cabo Verde, por forma a que o país possa tirar maior proveito, através da receita, deste que é um dos maiores setores contribuintes no PIB nacional. Igualmente centrada no turismo, mas também voltada para a preservação ambiental, que Vitória Anthony e Nuno Lima desenvolveram a “Ocean Vision”. Uma startup que proporciona uma alternativa ao mergulho real àqueles que não o conseguem fazer - uma viagem subaquática através de tecnologias avançadas, como realidade virtual e imagens em 360°.
Educação é outro setor que esteve representado na final da quarta edição da Bolsa Cabo Verde Digital. Aldair Moura e Letícia Monteiro identificaram a necessidade de proporcionar aos jovens estudantes no setor das TIC uma possibilidade de renda extra ou fixa, através do “Komoda”, uma plataforma onde poderão encontrar solicitações de prestação de serviço.
A terminar a programação prevista na Bolsa, estes jovens empreendedores tiveram a oportunidade de apresentarem as suas startups a um público diversificado, incluindo potenciais investidores nacionais e internacionais, e ainda um júri composto por especialistas em empreendedorismo e inovação tecnológica. O Demo Day marcou assim o encerramento oficial da BCVD 4.
“Ser um dos selecionados para a 4ª edição da Bolsa Cabo Verde Digital, e para o Demo Day, foi um marco de extrema importância, pois possibilitou não só tirar a ideia do papel como também desenvolvê-la, sempre com o devido acompanhamento dos melhores mentores disponíveis e suporte de nossa incubadora”, revelam Aldair Moura e Letícia Monteiro - “Komoda”. Para Miguel Duarte, do “Xplorá”, os ganhos de ter participado na BCVD são “imensuráveis”, desde a “visibilidade até oportunidades palpáveis em parcerias e financiamentos”. Enquanto as fundadoras do “Ya” falam em “mentorias memoráveis”, os criadores da “CVX” descreve a Bolsa como uma chance de empreender com uma mentalidade “aberta e criativa”, apontando esta como uma “mais valia” para enfrentar os desafios do mercado e criar soluções que atendam às necessidades do mundo atual.
“A Cabo Verde Digital desempenhou um papel essencial em nossa trajetória, proporcionando uma base indispensável para nossa startup decolar”, afirmam os founders do “Sucupira Online”. Já Vitória Anthony e Nuno Lima, “Ocean Vision”, resumem a BCVD 4 e o Demo Day como uma “injeção de confiança" que os “impulsionou ainda mais”.
A Cabo Verde Digital desempenhou um papel essencial em nossa trajetória, proporcionando uma base indispensável para nossa startup decolar - Sucupira Online.
Estas startups destacaram-se entre os participantes da quarta edição da Bolsa Cabo Verde Digital. Algumas delas foram ainda mais além, chegando ao top 5 entre os 10 finalistas, resultante da votação do público. Através de uma plataforma 100% independente, o público presente pôde avaliar o grau de inovação de cada startup e a performance dos founders em palco, gerando uma contagem de votos automática, e definindo assim os vencedores da BCVD 4.
Operacionalizado pela Pró-Empresa, através da Cabo Verde Digital, a Bolsa CVD arrancou em 2020, contando desde então com parceiros nacionais e internacionais, incluindo as universidades e operadoras do país. Além das sessões de capacitação e mentoria, o programa disponibiliza aos participantes um valor mensal de 30 mil escudos por empreendedor, financiado pelo Fundo de Promoção do Emprego e Formação, FPEF. As duas últimas edições da BCVD contaram igualmente com o financiamento da Fundação Calouste Gulbenkian.