Esta é a era em que avanços na tecnologia têm revolucionado a maneira como comunicamos, trabalhamos, nos relacionamos, a maneira como vivemos. Uma era que está a moldar o futuro, que nos leva a abdicar de realidades até então tidas como certas, e abraçar novas. Fazer parte desta era, testemunhar estes avanços é, para Brocy Centeio, imensamente gratificante.
Brocy é o atual Gestor de Projetos/Produtos do NOSi. Um profissional com mais de uma década de experiência na sua área de atuação. Um apaixonado por tecnologias emergentes, como a Inteligência Artificial (IA). Para este especialista, de toda a revolução em curso, poder vivenciar a atual “ascensão” da IA é o que mais o fascina.
No seu ver, a Inteligência Artificial tem o potencial de “multiplicar por mil” o impacto que a revolução da internet teve no acesso ao conhecimento. Defende que esta tecnologia permitirá não apenas o acesso, mas também a criação de um conhecimento único e local, que não poderá ser replicado em outros lugares.
Ora, a Inteligência Artificial, explica Brocy Centeio, nada mais é do que um ramo da computação moderna, voltado para a criação de sistemas capazes de executar tarefas que, normalmente, necessitariam de inteligência humana. Ou seja, é uma máquina com a habilidade de aprender e se adaptar, resolver problemas e tomar decisões com base em padrões previamente identificados. Uma tecnologia que, diz Centeio, está a “desafiar” e a “redefinir” os fundamentos que distinguem a humanidade como a espécie dominante do planeta, já que levou ao questionamento de características que antes acreditavam-se ser exclusivas ao ser humano.
Desde algoritmos que influenciam o que é visualizado nas redes sociais, e recomendam produtos que possam ser do interesse do consumidor, até carros autónomos, Brocy acredita que a Inteligência Artificial está a “moldar” o mundo e a “transformar” a interação e a experiência com a computação. “Na base de toda IA que conhecemos atualmente, estão algoritmos complexos e modelos de aprendizado de máquina, o Machine Learning . Essas tecnologias permitem, por exemplo, que carros autónomos naveguem nas ruas. O processamento de um grande volume de dados desde condições de trânsito, vias, sinais e pedestres, que permite uma tomada de decisões em tempo real”, exemplifica.
O Chat GPT, em alta ultimamente, ou o Google Bard e o DALLE, são outros exemplos que Brocy aponta. Estas, explica, são tecnologias que envolvem Inteligências Artificiais Generativas. “Utilizam algoritmos de Processamento de Linguagem Natural, e outros, para compreender o contexto das instruções, produzindo uma resposta adequada. Pode resultar, inclusive, na geração de novos textos, imagens ou vídeos conforme o instruído, simulando a capacidade humana de responder e/ou criar artes”, elucida.
São várias, e um tanto divergentes, as opiniões à volta do ritmo em que a Inteligência Artificial está a evoluir. Cientistas, especialistas e empresários, como Elon Musk por exemplo - um dos grandes na área - pediram uma pausa de pelo menos seis meses nas pesquisas sobre sistemas avançados de inteligência artificial.
Brocy Centeio não vê grandes riscos no atual ritmo desta evolução, mas partilha da preocupação de monitorar e regular de forma constante este progresso. “Estamos a presenciar avanços acelerados em algumas áreas. É imprescindível ponderar profundamente sobre como estamos a adequar a sociedade e a nossa legislação à esta evolução. Precisamos refletir sobre como faremos a transição das competências dos nossos funcionários e colaboradores para este novo paradigma de trabalho assistido pela IA, quais profissões deixarão de existir e quais novas oportunidades de trabalho surgirão”, afirma.
Este profissional não tem dúvidas de que as vantagens da IA são evidentes, incluindo o “aumento exponencial” de produtividade e eficiência. Centeio prevê inovações na medicina e uma revolução na educação, mas alerta que a Inteligência Artificial, inevitavelmente, também representa a perda de empregos, devido à automatização, distorção de questões éticas relacionadas à privacidade e ao uso de dados pessoais, bem como um provável aumento potencial de crimes cibernéticos e ataques conduzidos por IA.
Entretanto, questionado se vê alguma ameaça iminente para a humanidade nas atuais formas de IA, Brocy Centeio redireciona “o verdadeiro perigo da IA” à possibilidade de mau uso dessa tecnologia. “É crucial que a abordagem seja participativa e diversificada, mantendo sempre questões de viés e ética em mente durante o desenvolvimento desses algoritmos”, defende.
A par dos riscos que a Inteligência Artificial possa representar, coloca-se a possibilidade desta tecnologia, então definida por “máquinas inteligentes”, vir a desenvolver capacidades exclusivas da espécie humana, entre elas as emoções, isto é, ser uma entidade consciente. “Conforme a visão de vários estudiosos, essa consciência representaria a última fase na evolução da IA, a chamada Super Inteligência Artificial. Até agora todas as formas de IA que conhecemos são simplesmente ferramentas criadas e controladas por nós, os humanos, para nos complementar. A ideia de substituição da humanidade ainda é tema de debates ficcionais, pois, na minha visão, uma IA não terá a capacidade de sentir emoções ou ter experiências subjetivas, aspectos tão intrinsecamente humanos”, partilha Brocy.
Ou seja, em suma, no ver de Brocy Centeio, o real “fator preocupante” à volta da evolução da IA tem que ver com “quem está por trás” desta evolução, e não com o “nível” ao qual esta tecnologia está a evoluir. “A IA tem um potencial incrível para beneficiar a nossa sociedade, mas é importante abordar o seu desenvolvimento, regulação e uso de maneira ética e responsável”, finaliza.
A IA tem um potencial incrível para beneficiar a nossa sociedade, mas é importante abordar o seu desenvolvimento, regulação e uso de maneira ética e responsável - Brocy Centeio
Um futuro com a Inteligência Artificial. Tema que rendeu casa cheia à última edição do Dreams&Demos. Um espaço de partilha que mensalmente procura fomentar uma participação ativa no desenvolvimento e utilização de tecnologias emergentes, através de networking e criação de oportunidades de negócios no ecossistema digital.
Afinal, Cabo Verde, à semelhança do resto do mundo, está numa crescente transformação digital. Palcos como o Dreams&Demos têm a missão de promover uma transformação inclusiva, segura e orientada para o benefício da população, para que temas como a Inteligência Artificial possam ser debatidos e explorados abertamente.
E tu. Vais ficar de fora deste debate?