Além dos Algoritmos: Um futuro com a Inteligência Artificial

Cabo Verde Digital
July 14, 2023
5 min read

Esta é a era em que avanços na tecnologia têm revolucionado a maneira como comunicamos, trabalhamos, nos relacionamos, a maneira como vivemos. Uma era que está a moldar o futuro, que nos leva a abdicar de realidades até então tidas como certas, e abraçar novas. Fazer parte desta era, testemunhar estes avanços é, para Brocy Centeio, imensamente gratificante.

Brocy é o atual Gestor de Projetos/Produtos do NOSi. Um profissional com mais de uma década de experiência na sua área de atuação. Um apaixonado por tecnologias emergentes, como a Inteligência Artificial (IA). Para este especialista, de toda a revolução em curso, poder vivenciar a atual “ascensão” da IA é o que mais o  fascina.

No seu ver, a Inteligência Artificial tem o potencial de “multiplicar por mil” o impacto que a revolução da internet teve no acesso ao conhecimento. Defende que esta tecnologia permitirá não apenas o acesso, mas também a criação de um conhecimento único e local, que não poderá ser replicado em outros lugares.

Ora, a Inteligência Artificial, explica Brocy Centeio, nada mais é do que um ramo da computação moderna, voltado para a criação de sistemas capazes de executar tarefas que, normalmente, necessitariam de inteligência humana. Ou seja, é uma máquina com a habilidade de aprender e se adaptar, resolver problemas e tomar decisões com base em padrões previamente identificados. Uma tecnologia que, diz Centeio, está a “desafiar” e a “redefinir” os fundamentos que distinguem a humanidade como a espécie dominante do planeta, já que levou ao questionamento de características que antes acreditavam-se ser exclusivas ao ser humano.

Desde algoritmos que influenciam o que é visualizado nas redes sociais, e recomendam produtos que possam ser do interesse do consumidor, até carros autónomos, Brocy acredita que a Inteligência Artificial está a “moldar” o mundo e a “transformar” a interação e a experiência com a computação. “Na base de toda IA que conhecemos atualmente, estão algoritmos complexos e modelos de aprendizado de máquina, o Machine Learning . Essas tecnologias permitem, por exemplo, que carros autónomos naveguem nas ruas. O processamento de um grande volume de dados desde condições de trânsito, vias, sinais e pedestres, que permite uma tomada de decisões em tempo real”, exemplifica.

O Chat GPT, em alta ultimamente, ou o Google Bard e o DALLE, são outros exemplos que Brocy aponta. Estas, explica, são tecnologias que envolvem Inteligências Artificiais Generativas. “Utilizam algoritmos de Processamento de Linguagem Natural, e outros, para compreender o contexto das instruções, produzindo uma resposta adequada. Pode resultar, inclusive, na geração de novos textos, imagens ou vídeos conforme o instruído, simulando a capacidade humana de responder e/ou criar artes”, elucida.

São várias, e um tanto divergentes, as opiniões à volta do ritmo em que a Inteligência Artificial está a evoluir. Cientistas, especialistas e empresários, como Elon Musk por exemplo - um dos grandes na área - pediram uma pausa de pelo menos seis meses nas pesquisas sobre sistemas avançados de inteligência artificial.

Estágios de evolução de IA
Fonte: https://hislide.io/product/3-type-of-artificial-intelligence-levels/

Brocy Centeio não vê grandes riscos no atual ritmo desta evolução, mas partilha da preocupação de monitorar e regular de forma constante este progresso. “Estamos a presenciar avanços acelerados em algumas áreas. É imprescindível ponderar profundamente sobre como estamos a adequar a sociedade e a nossa legislação à esta evolução. Precisamos refletir sobre como faremos a transição das competências dos nossos funcionários e colaboradores para este novo paradigma de trabalho assistido pela IA, quais profissões deixarão de existir e quais novas oportunidades de trabalho surgirão”, afirma.

Este profissional não tem dúvidas de que as vantagens da IA são evidentes, incluindo o “aumento exponencial” de produtividade e eficiência. Centeio prevê inovações na medicina e uma revolução na educação, mas alerta que a Inteligência Artificial, inevitavelmente, também representa a perda de empregos, devido à automatização, distorção de questões éticas relacionadas à privacidade e ao uso de dados pessoais, bem como um provável aumento potencial de crimes cibernéticos e ataques conduzidos por IA.

Entretanto, questionado se vê alguma ameaça iminente para a humanidade nas atuais formas de IA, Brocy Centeio redireciona “o verdadeiro perigo da IA” à possibilidade de mau uso dessa tecnologia. “É crucial que a abordagem seja participativa e diversificada, mantendo sempre questões de viés e ética em mente durante o desenvolvimento desses algoritmos”, defende.

A par dos riscos que a Inteligência Artificial possa representar, coloca-se a possibilidade desta tecnologia, então definida por “máquinas inteligentes”, vir a desenvolver capacidades exclusivas da espécie humana, entre elas as emoções, isto é, ser uma entidade consciente. “Conforme a visão de vários estudiosos, essa consciência representaria a última fase na evolução da IA, a chamada Super Inteligência Artificial. Até agora todas as formas de IA que conhecemos são simplesmente ferramentas criadas e controladas por nós, os humanos, para nos complementar. A ideia de substituição da humanidade ainda é tema de debates ficcionais, pois, na minha visão, uma IA não terá a capacidade de sentir emoções ou ter experiências subjetivas, aspectos tão intrinsecamente humanos”, partilha Brocy.

Ou seja, em suma, no ver de Brocy Centeio, o real “fator preocupante” à volta da evolução da IA tem que ver com “quem está por trás” desta evolução, e não com o “nível” ao qual esta tecnologia está a evoluir. “A IA tem um potencial incrível para beneficiar a nossa sociedade, mas é importante abordar o seu desenvolvimento, regulação e uso de maneira ética e responsável”, finaliza.

A IA tem um potencial incrível para beneficiar a nossa sociedade, mas é importante abordar o seu desenvolvimento, regulação e uso de maneira ética e responsável - Brocy Centeio

Um futuro com a Inteligência Artificial. Tema que rendeu casa cheia à última edição do Dreams&Demos. Um espaço de partilha que mensalmente procura fomentar uma participação ativa no desenvolvimento e utilização de tecnologias emergentes, através de networking e criação de oportunidades de negócios no ecossistema digital.

Afinal, Cabo Verde, à semelhança do resto do mundo, está numa crescente transformação digital. Palcos como o Dreams&Demos têm a missão de promover uma  transformação inclusiva, segura e orientada para o benefício da população, para que temas como a Inteligência Artificial possam ser debatidos e explorados abertamente. 

E tu. Vais ficar de fora deste debate?

Share this post
Cabo Verde Digital
July 14, 2023
5 min read